O sensacionalismo que vem sendo feito em torno da renuncia ou não da governadora Roseana Sarney, vem sendo comparada à última semana da novela Amor a Vida, marcada por enormes expectativas e que deram origem a milhares de apostas sobre o final. A diferença é que em Amor a Vida, embora tenha sido apresentada com ficção bem elaborada pelo autor, traduziu inúmeros aspectos inerentes à realidade brasileira, contrariando inclusive a hipocrisia de muita gente, a que está mostrada no Maranhão não é tão diferente, uma vez que se trata de amor ao mandato politico e ao cofre público.
No caso da governadora Roseana Sarney, o problema maior é o controle do cofre do Governo do Estado, usado, manipulado e até saqueado há mais de 50 anos pelo grupo dominante, do qual ela é um dos legítimos autoritáriosintegrantes. Acostumada a impor, o quero, posso e mando, encontrou uma forte resistência e nem as conhecidas ameaças de destruição de segmentos políticos contrários aos interesses da governadora e do velho cacique José Sarney, conseguiram intimidar a então sua base de sustentação. Roseana Sarney acostumada a tratar o parlamento estadual com desrespeito, deferindo apoios aos que bem entendia, não recebendo outros e prejudicando-os nas suas bases, os deputados que não lessem corretamente e como queria em sua cartilha. Com plena e absoluta certeza, que quando os chamassem todos estariam acocorados ou ajoelhados aos seus pés para receber ordens ou esculhambações, estranhou o posicionamento do presidente da Assembleia Legislativa do Estado, quando procurou a maioria, já não contava mais com ela.
Dentro da própria máquina administrativa já há visibilidade para uma debandada e Roseana Sarney, que até um pouco mais de um mês impunha ordens, regras e o que bem entendia, hoje corre em busca de uma negociação, pela certeza de que sem mandato politico a sua vida será transformada em um inferno pelas centenas de improbidades praticadas ao longo das suas administrações no executivo estadual. O senador Sarney tentou com as suas conhecidas estratégias e promessas para mais adiante, que nunca são cumpridas, e já é visto como o gavião já não impõe o medo de outrora. Com o elevado desgaste da governadora nas negociações para impor o que quer, e enfrentando uma pesquisa que aponta a sua derrota ao senado federal, aumentam ainda mais a sua indecisão, daí que a novela vem se arrastando com o capítulo final marcado para o dia 5 de abril.