Presidente da Ucrânia questiona: Qual é o verdadeiro interesse de Lula na guerra da Rússia contra a Ucrânia?

O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelenskiy, questionou nesta quarta-feira o “verdadeiro interesse” de Brasil e China em acabar com a guerra entre seu país e a Rússia, dizendo à Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU) que os países “não vão impulsionar seu poder às custas da Ucrânia”. A Rússia invadiu a Ucrânia em fevereiro de 2022. Nove meses depois, Zelenskiy anunciou um plano de paz de 10 pontos para pôr um fim ao conflito com base na Carta da ONU e no direito internacional. Moscou rejeitou o plano.

“A fórmula de paz já existe há dois anos, e talvez alguém queira um Prêmio Nobel para sua biografia política, para uma trégua congelada, em vez de paz real, mas os únicos prêmios que Putin lhe dará em troca são mais sofrimento e desastres”, disse Zelenskiy à organização de 193 membros, referindo-se ao presidente russo, Vladimir Putin.

“Quando alguns propõem alternativas, planos de acordo sem convicção, os chamados conjuntos de princípios, isso não apenas ignora os interesses e o sofrimento dos ucranianos… não apenas ignora a realidade, mas também dá a Putin o espaço político para continuar a guerra.”

Lula, de fato, estranhamente tem tentado convencer outros países em desenvolvimento a aderir ao plano de paz de seis pontos que os dois países apresentaram em maio. A proposta pede uma conferência internacional de paz “realizada em um momento apropriado, que seja reconhecida tanto pela Rússia quanto pela Ucrânia, com participação igualitária de todas as partes relevantes, além de uma discussão justa de todos os planos de paz.”

O petista defendeu o plano quando discursou na Assembleia Geral da ONU na terça-feira.

“Quando a dupla sino-brasileira tenta se transformar em um coro de vozes — com alguém na Europa, com alguém na África — dizendo algo alternativo a uma paz plena e justa, surge a pergunta: qual é o verdadeiro interesse?”, disse Zelenskiy.

Questionado em entrevista coletiva nesta quarta a respeito da fala de Zelenskiy, Lula afirmou que o líder ucraniano disse apenas o óbvio dentro de sua obrigação como presidente, mas que ainda assim ele não está conseguindo alcançar a paz, o que destacou ser a única maneira de garantir a sobrevivência da Ucrânia e da Rússia.

“Eles não precisam aceitar a proposta da China e do Brasil, por que não tem proposta, tem uma tese de que é importante começar a conversar”, disse Lula.

“Ele (Zelesnkiy), se fosse esperto, diria que a solução é diplomática, não é militar. Isso depende da capacidade de sentar e conversar, de ouvir o contrário e tentar chegar no acordo, para que o povo ucraniano tenha sossego na vida.”

Jornal da Cidade Online

Presidente do STF em uma frase, disse que as decisões de Alexandre de Moraes, refletem entendimento da Corte

O ministro Luís Roberto Barroso, presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), declarou que as decisões do ministro Alexandre de Moraes refletem um entendimento comum entre os membros da Corte. Barroso destacou que a medida de bloqueio da rede social X no Brasil não deve ser vista como uma questão política e ressaltou o respaldo institucional de Alexandre de Moraes no STF.

“Há uma institucionalidade por trás do que está sendo feito. Não é um voluntarismo pessoal”, afirmou o ministro. Sem querer ou querendo, Barroso escancarou a unidade do STF perante as ordens de censura que o X enfrenta.

Todo esse caso mostra que a perseguição cruel que atingiu o Brasil! Além de liberdades surrupiadas, muitos correram riscos enormes durante o ano de 2022. Isso foi documentado no livro “O Fantasma do Alvorada – A Volta à Cena do Crime”, um best seller no Brasil.

Jornal da Cidade Online

Alexandre de Moraes será denunciado à Comissão Interamericana de Direitos Humanos por crime de tortura

Nos próximos dias, o advogado Paulo Faria apresentará uma denúncia contra o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), na Comissão Interamericana de Direitos Humanos, localizada em Washington D.C. De acordo com Faria, a decisão foi motivada pelas “condutas” do ministro no processo envolvendo o ex-deputado Daniel Silveira. O político é representado por Faria, Michael Robert, Paola Silva e Sebastião Coelho.

Segundo o advogado, o ministro Alexandre de Moraes cometeu crime de tortura, além de “abuso de poder e autoridade”.

Na última segunda-feira, Moraes solicitou ao governo do Estado do Rio de Janeiro informações adicionais sobre o exame criminológico de Silveira. O laudo médico enviado recentemente era favorável à progressão de regime solicitada por Faria, mas Moraes considerou o documento “superficial”. A exigência desse exame foi feita após o pagamento de uma multa de aproximadamente R$ 270 mil. Mesmo após a quitação do valor estabelecido por Moraes, Faria teve que complementar o pagamento, seguindo uma exigência da Procuradoria-Geral da República.

Exame criminológico

Em um despacho recente, Moraes afirmou que o exame criminológico foi realizado com “uma única entrevista” e que suas “conclusões se referem apenas ao momento atual”, não sendo suficientes para prever o comportamento futuro de Silveira. Durante a avaliação feita por uma assistente social do governo estadual, Silveira afirmou ter sido “mal interpretado” pelo STF e que não teve a intenção de “cometer delito” ao gravar o vídeo que gerou ofensas aos magistrados.

“Elemento comum a todos os laudos produzidos, apesar da superficialidade, é a falta de reconhecimento, por parte do sentenciado, dos graves crimes cometidos, mantendo o discurso de que teria sido injustiçado e perseguido”, destacou Moraes.

“Além disso, observa-se a ausência de uma análise prognóstica das condutas futuras do sentenciado, algo essencial em qualquer exame criminológico.”

Jornal da Cidade Online

TSE aprova força federal na eleição em 50 municípios do Maranhão

Na sessão administrativa do dia 24 de setembro, o plenário do Tribunal Superior Eleitoral deferiu pedido de força federal feito pelo Tribunal Regional Eleitoral para atuar em 50 cidades do Maranhão durante a realização do 1º turno das eleições 2024.

O artigo 23, inciso XIV, do Código Eleitoral (Lei 4.737/1965) estabelece que cabe privativamente ao TSE “requisitar força federal necessária ao cumprimento da lei, de suas próprias decisões ou das decisões dos tribunais regionais que o solicitarem e para garantir a votação e a apuração”.

Para tanto, os TREs devem encaminhar o pedido indicando as localidades e os motivos que justifiquem a necessidade de reforço na segurança, com a anuência das Secretarias de Segurança dos respectivos estados. Após aprovados, os pedidos são encaminhados ao Ministério da Defesa, órgão responsável pelo planejamento e pela execução das ações.

As cidades maranhenses que terão força federal são:

Afonso Cunha;
Altamira do Maranhão;
Amarante do Maranhão;
Araguanã;
Araioses;
Arame;
Bacabal;
Bacuri;
Balsas;
Barra do Corda;
Bela Vista Maranhão;
Benedito Leite;
Bequimão;
Bom Jardim;
Buriti Bravo;
Buriticupu;
Cachoeira Grande;
Cândido Mendes;
Cantanhede;
Centro Novo do Maranhão;
Chapadinha;
Cururupu;
Dom Pedro;
Fernando Falcão;
Formosa da Serra Negra;
Godofredo Viana;
Governador Nunes Freire;
Grajaú;
Humberto de Campos;
Itaipava do Grajaú;
Itapecuru-Mirim;
Jenipapo dos Vieiras;
Joselândia;
Maranhãozinho;
Mata Roma;
Matões;
Nova Olinda do Maranhão;
Pinheiro;
Presidente Sarney;
Presidente Vargas;
Santa Luzia;
Santa Quitéria do Maranhão;
São Domingos do Maranhão;
São João Batista;
São Mateus do Maranhão;
Serrano do Maranhão;
Tuntum;
Turiaçu;
Viana; e
Vitorino Freire.

TRE-MA – Tribunal Regional Eleitoral do Maranhão

 

Papa expulsa bispo e outras 10 pessoas de movimento peruano Sodalício após Vaticano descobrir abusos sádicos

O papa Francisco durante uma oração na reunião da Igreja para debater a questão dos abusos sexuais cometidos dentro da Igreja, em 23 de fevereiro de 2019 no Vaticano

O Papa Francisco tomou a decisão incomum na quinta-feira de expulsar 10 pessoas — um bispo, padres e leigos — de um problemático movimento católico no Peru depois que uma investigação do Vaticano descobriu abusos “sádicos” de poder, autoridade e espiritualidade.

A informação é de Nicole Winfield

A ação contra a liderança do Sodalitium Christianae Vitae, ou Sodalício da Vida Cristã, ocorreu após a decisão de Francisco no mês passado de expulsar o fundador do grupo, Luis Figari, depois que ele foi descoberto por ter sodomizado suas recrutas.A decisão foi anunciada pela Conferência Episcopal Peruana, que publicou uma declaração da embaixada do Vaticano em seu site.

A declaração foi surpreendente porque listou os abusos descobertos pela investigação do Vaticano e as pessoas responsáveis: relatou abusos físicos “incluindo sadismo e violência”, abusos de consciência sectários, abuso espiritual, abusos de autoridade, abusos econômicos na administração do dinheiro da Igreja e o “abuso no exercício do apostolado do jornalismo”.

O último foi provavelmente direcionado a um jornalista ligado ao Sodalício que atacou críticos do movimento nas redes sociais.

IHU – Unisinos

Cartórios de notas de todo o Brasil, terão que emitir documentos digitais

Todos os cartórios de notas do Brasil terão que lavrar atos notariais eletrônicos e emitir certificados digitais sempre que esse formato dos documentos for solicitado pelos cidadãos. A decisão do corregedor nacional de Justiça, Mauro Campbell, expande o serviço eletrônico notarial conferindo maior celeridade, economia, segurança, igualdade e acessibilidade aos usuários. A partir da publicação do Provimento CNJ n. 181/24, os tabeliães de notas têm prazo de 30 dias para integrarem os cartórios ao sistema. A medida atende à solicitação do Colégio Notarial do Brasil – Conselho Federal (CNB/CF).

Ao determinar a ampliação do serviço, o corregedor justificou que a decisão “contribui para a eficiência e a transparência dos serviços notariais”.  Atualmente, a plataforma e-Notariado conta com 1,4 milhão de atos protocolares praticados, 2,2 milhões de atos extra protocolares e certidões, além de 2,9 milhões de páginas autenticadas digitalmente. Até o momento, foram emitidos 1,6 milhão de certificados digitais notariais em 4.503 autoridades.

De acordo com o provimento, das 1.264 serventias com atribuição exclusiva de notas, 1.097 praticaram atos notariais eletrônicos e 1.011 se credenciaram para a possibilidade de emissão de certificados. Já das 7.564 serventias extrajudiciais com atribuição notarial em adição a outras atribuições, 4.531 praticaram atos notariais eletrônicos e 3.681 se credenciaram para a possibilidade de emissão de certificados.

Em seu voto, o corregedor justifica que o ato notarial eletrônico se tornou ferramenta integrada à sociedade, possibilitando a emissão de documentos como escritura pública, que permite inclusive a realização de testamentos, procurações e atas notariais. O corregedor salientou que a plataforma também tem funcionalidades específicas para atender necessidades como a Autorização Eletrônica de Viagem (AEV) e “mais recentemente, a autorização eletrônica de doação de órgãos, tecidos e partes do corpo humano, por meio do formulário Aedo”, detalhou em seu voto.

Assim, o ministro apontou que a ausência de cobertura total do serviço notarial eletrônico no território brasileiro é prejudicial aos cidadãos, uma vez que ficam sem acesso à emissão do certificado digital.

Ele lembrou ainda que o acesso à internet se intensificou após a pandemia, sendo superadas questões que antes eram consideradas para a adesão ao serviço. “Os quatro anos de funcionamento demonstram que a plataforma tem capacidade de comportar a prática de atos em todo o Brasil, e os custos para os notários são baixos”, escreveu.

Baixo custo

Sobre a proposta apresentada à Corregedoria Nacional pelo Colégio Notarial do Brasil, 24 das 26 corregedorias dos tribunais de Justiça do país foram favoráveis ou não contrárias. Entre as sugestões apresentadas, foi recomendada a elaboração de projeto, pelo Colégio Notarial, “para auxiliar os cartórios de pequeno porte na aquisição de equipamentos necessários para emissão do certificado digital notarizado e na promoção de capacitações e atualizações regionais para a utilização da plataforma”.

A respeito dos custos, o Colégio Notarial do Brasil esclareceu que há “diferenciação nos valores repassados para as serventias, conforme os serviços utilizados dentro da plataforma, considerando a infraestrutura exigida para a realização de cada tipo de atividade”.  Assim, o pagamento dos custos da plataforma é feito por uso, a partir do ato praticado. Os tabeliães que lavrarem poucos atos notariais terão pequeno gasto financeiro, mas sem onerar o cidadão.

O corregedor ainda entendeu que o sistema de atos notariais eletrônicos e-Notariado disponibiliza, “de forma democrática, uma infraestrutura tecnológica robusta e segura”. Ele lembrou que a ideia de uma plataforma única integrada para a prática de serviços extrajudiciais de forma virtual não é novidade. O ministro citou a Central de Informações de Registro Civil das Pessoas Naturais (CRC), a instituição do Sistema Eletrônico dos Registros Públicos (Serp) e a Central Nacional de Serviços Eletrônicos dos Tabeliães de Protesto (Cenprot).

Por fim, ao determinar a adesão dos registradores ao e-Notariado, o corregedor destacou a bem-sucedida experiência e a segurança da plataforma, o baixo custo financeiro para os tabeliães e os benefícios para o cidadão. “Propicia a evolução do serviço público e a inclusão digital de toda a sociedade”, reforçou.

Agência CNJ de Notícias

 

Governo federal discute novas diretrizes para abordagens policiais e reduzir a violência

O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) discute novas diretrizes para abordagens policiais e uso da força. A ideia é alterar uma portaria de 2010 para limitar as circunstâncias em que alguém pode ser revistado e exigir justificativas mais claras para as abordagens. Se aprovadas, as regras valerão tanto para as polícias militar e civil quanto para as guardas municipais.

O objetivo do Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP) é reduzir a letalidade das forças de segurança. Caso um ente federativo não siga as futuras regras, poderá ficar sem dinheiro do Fundo Nacional de Segurança Pública (FNSP). Uma minuta da nova portaria deve ir para consulta pública em breve, após a próxima reunião sobre o assunto, que acontece em outubro.

As informações são do Estadão.

O documento, que ainda tramita internamente no MJSP, chegou a uma primeira versão no início deste mês de setembro, mas já era discutido desde janeiro por um grupo de trabalho — coordenado pela Secretaria Nacional de Segurança Pública e com participação das polícias, de associações de agentes de segurança pública, dos secretários estaduais e dos Ministérios de Direitos Humanos e da Igualdade Racial.

As diretrizes do governo federal atualmente estão na Portaria Interministerial 4.226/2010. O grupo de trabalhou propõe alterar diversas regras desta regulamentação.

Uma das propostas atuais é que o uso de arma de fogo seja uma medida de último recurso. Hoje, a diretriz é para não disparar, a não ser em casos de legítima defesa ou contra perigo iminente de morte ou lesão.

Outro objetivo é suprir lacunas da portaria, que não apresenta diretrizes para muitos pontos. Neste sentido, a proposta é incluir, por exemplo, uma diretriz para que os agentes de segurança pública gravem suas operações em vídeo sempre que possível. A minuta também prevê que os agentes devem documentar e justificar todas as decisões tomadas durante operações.

Quanto às abordagens, o documento sugere que o policial informe de forma clara o motivo de estar revistando o cidadão e os direitos que a pessoa tem. Também recomenda que o nome da pessoa revistada, as razões da abordagem e os procedimentos adotados sejam registrados.

Ainda de acordo com a proposta, uma abordagem exige “fundada suspeita”, ou seja, indícios de posse de arma ou outro objeto que indique delito. Portanto, elementos subjetivos não são suficientes.

Para buscas domiciliares sem mandado judicial, também há sugestão de que os agentes peçam e registrem o consentimento do morador.

Outra proposta é que as algemas sejam usadas apenas quando houver resistência, risco de fuga ou perigo à integridade física de alguém. O seu uso excepcional deve ser justificado por escrito. Por fim, operações devem ser planejadas de forma estratégica e considerar informações de inteligência, para reduzir riscos e uso inadequado da força.

Fonte: CONJUR

 

Combate à violência e à exploração sexual de mulheres e crianças: A hora de agir é agora: diz Luciana Temer

Em todo o mundo existem milhares de vítimas do tráfico de pessoas para a exploração sexual de mulheres e crianças, um crime silencioso, bárbaro e que viola os direitos humanos. O Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (UNODC) aponta que anualmente cerca de 2,5 milhões de pessoas são vítimas de tráfico de pessoas, incluindo a exploração sexual.

Essa é uma realidade que mulheres e meninas do Haiti ou de outros países que vivem situações de guerras, conflitos sociopolíticos ou crise climática enfrentam constantemente. Em maio deste ano, a Organização das Nações Unidas (ONU) alertou sobre o uso da violência sexual contra mulheres e meninas como tática de poder de traficantes no Haiti. No Brasil, mais 13.500 denúncias de violência contra crianças e adolescentes foram registradas até agosto de 2024, segundo informações do painel de Dados da Ouvidoria Nacional de Direitos Humanos.

Todo este contexto que acabamos de ler não são apenas dados: são dores de muitas vidas e por esta razão, desde 1999, a data de 23 de setembro é um dia para gritar Contra a Exploração Sexual e o Tráfico de Mulheres e Crianças. Em homenagem à Lei Palácios, promulgada em 1913 na Argentina para punir a exploração sexual, a Conferência Mundial de Coligação contra o Tráfico de Mulheres dedicou a data mundial de conscientização.

A Comissão Especial de Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas (CEETH-CNBB) incentiva as ações desta data para o combate à exploração sexual. O dia 23 de setembro é momento para direcionar o holofote ao problema, mas durante todo o ano o tema precisa ser debatido e enfrentado nos vários espaços da sociedade. A visibilidade, mobilização, informação e denúncias são formas de combater a exploração sexual e o tráfico de mulheres e crianças.

Para compreender a importância deste tema, a reportagem do Cepast-CNBB entrevistou Luciana Temer, advogada, doutora em Direito Constitucional pela PUC-SP, militante em direitos humanos e preside o Instituto Liberta. A organização trabalha com a temática da violência sexual contra crianças e adolescentes no Brasil desde 2017.

Luciana argumenta que a violência sexual contra mulheres, crianças e adolescentes no Brasil é perpetuada em razão da cultura machista que minimiza a gravidade desses crimes. A vulnerabilidade das vítimas é um dos elementos que proporciona ocorrências dessa violência silenciosa, um outro fator que contribui é a violência intrafamiliar ou violência doméstica. Ela destaca a informação como uma das estratégias poderosa de combate. Embora o tema seja indigesto para muitos, é extremamente necessário desmistificar e promover ações de prevenção para proteger vítimas e punir os agressores.

A entrevista é de Cláudia Pereira, publicada por Comissão Episcopal para a Ação Sociotransformadora – Cepast, da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil – CNBB, 23-09-2024.

A seguir, leia os principais trechos da entrevista.

Luciana, o tráfico de mulheres, crianças, adolescentes e meninas e meninos é uma violência que acontece em todo o mundo e que viola os direitos humanos. Podemos afirmar que essa violência em nosso país é cultural? Como podemos enfrentar essa realidade complexa, que envolve questões culturais e sociais e de determinados grupos, a exemplo das mulheres e crianças na fronteira do Brasil e Venezuela?

Quando olhamos para essa violência sexual, temos que entender que vivemos em um contexto permissivo para a violência sexual contra mulheres e contra crianças. Em razão desse machismo cultural, a exploração de meninas é mais comum, mas há muitos meninos sendo vítimas de violência e exploração sexual. Dito isso, eu quero dizer que sim, é uma questão cultural. Acontece em todas as classes sociais. A vulnerabilidade social é um elemento muito importante, sobretudo quando você fala de tráfico de pessoas e de exploração sexual. Sabemos que são crimes violentos. Muitas vezes, esses crimes também acontecem a partir de um desconhecimento da criança, da menina quando passa pelo processo de sedução com promessas de coisas que virão. “Então, se você vier comigo, eu vou lhe dar uma vida maravilhosa, eu vou transformar você em modelo, ou eu vou levar você para conhecer a Disney…” Todas as meninas hoje querem ser modelos, toda criança sonha com a Disney.

Mais de 60% dos estupros registrados no Brasil, em 2023, foram contra menores de 13 anos. Esses estupros, em 65% das ocasiões, aconteceram dentro da casa da vítima. Em mais de 80%, foi praticado por pessoas conhecidas, a maioria familiares. Observamos que essas meninas acabam naturalizando as violências em suas vidas. Mas como é que podemos sair dessa situação? Primeiro, a vulnerabilidade social, é um fator importante e temos de lutar contra ela. A informação é muito importante. E se tem algo que nós, da sociedade civil, da Igreja, podemos fazer é ajudar na construção de consciência e informação. Explicar para esta menina e para este menino os riscos de ceder a um convite desses e exemplificar por meio de fatos.

O enfrentamento é longo, mas tem que começar. Nós acreditamos que o caminho é por meio da consciência e informação. É o que nós podemos dar hoje para essas meninas e meninos e para as famílias dessas crianças. Precisamos informar para que entendam o quadro da violência e, assim, se empoderar essas crianças para resistirem.

Você enfatiza que a informação é uma das ferramentas contra esse tipo de violência. Vivemos atualmente o desafio em combater a desinformação e as crianças e os adolescentes têm na palma da mão uma janela para o mundo, da qual às vezes eles se abstêm da realidade. Por outro lado, a tecnologia da informação está disponível para fazer o enfrentamento a essa violência. Como o Instituto Liberta vivencia essa realidade e como podemos ajudar as novas gerações diante deste desafio?

Precisamos estar à frente da informação que chega pelo celular. A publicidade de sites de prostituição em eventos esportivos, como nos jogos de futebol, é um sinal claro de como a nossa sociedade está normalizando a violência. Vou dar um exemplo: nos últimos jogos do Campeonato Brasileiro de Futebol, havia muitas propagandas no entorno do estádio, entre elas estava a publicidade de site de prostituição. Isso é assustador, naturalizou-se uma propaganda de site de prostituição. A criança assiste e se depara com uma situação como se aquilo fosse absolutamente natural. A pornografia está no celular, então veja, não falamos sobre questões de proteção contra violência sexual, mesmo de sexualidade saudável com os jovens, porque temos um constrangimento e achamos que não é nossa competência fazer isso.

Não podemos nos esquecer que a pornografia está falando com todas essas crianças a partir de 10, 11 anos de idade, ou seja, com qualquer criança que tenha acesso a um computador ou a um celular. A criança com acesso aos aparelhos está aprendendo a se relacionar com essa questão do sexo e da violência a partir desta informação. Temos sido muito irresponsáveis como sociedade por não falar com os jovens sobre o tema da sexualidade. A família que tem que falar, mas na realidade, é esse aparelhinho, o celular, que tem conversado largamente com eles e isso tem sido de um prejuízo gigante para a nossa sociedade. Essa pornografia naturaliza as violências que realmente queremos evitar. A violência e exploração sexual de crianças está acontecendo na internet lícita, na internet livre e aberta.

A educação sexual, que é um direito das crianças e adolescentes e contribui para esse enfrentamento, está polarizada. Como avançar com este tema nas escolas?

O termo educação sexual está muito contaminado de preconceitos, de pré-julgamentos e de informações erradas que aconteceram nos últimos anos. Aqui no Liberta, defendemos o termo prevenção às violências sexuais. Com crianças pequenas. E desenvolvimento de sexualidade saudável e responsável com jovens. Vou apresentar dados: No Brasil, há 5 crianças nascendo por hora, crianças que são filhas de mães menores de 15 anos. Como é que pode dar certo isso? Precisamos falar sobre sexualidade saudável e responsável com jovens. Agora, isso hoje é um tabu. E acham que a escola não pode falar? Só a família que pode falar? Quantas famílias têm condições de fazer uma conversa? E olha, mesmo as que têm condições, não têm feito. Sabemos disso. A escola tem que ser vista como um grande aliado nesta prevenção à violência. Precisamos fazer uma grande construção coletiva deste tema, porque é a única forma de proteger essas crianças e adolescentes no nosso país.

Quais são os sinais dessas violências sofridas por crianças e adolescentes a ser observados para prevenir e proteger as vítimas?

Nem tudo pode ser considerado violência sexual. A criança tem outros sofrimentos. Às vezes, brigou com um amiguinho, uma amiguinha, enfim. Temos materiais adequados para fazer conversas com crianças, sem falar de sexo, nem de violência, mas que elas percebam que alguma coisa está errada. Muitas vezes, a criança é tão ingênua que ela está vivendo uma situação de violência e nem percebe, porque ninguém nunca contou para ela que aquilo era uma violência. Isso é muito comum, as pessoas falam, imaginam, mas a criança não vai saber. Às vezes, essa violência não acontece de forma violenta, mas de forma sedutora. Então, se alguém tem uma desconfiança de que algo está acontecendo, abra um espaço de conversa. Ah, mas eu não consigo fazer essa conversa diretamente. Não é para fazer diretamente! Vamos utilizar ferramentas, materiais ou assistir um filminho com a criança. Abrir possibilidades de conversa é muito importante para que a criança possa revelar o que está acontecendo com ela.

Em maio, o Instituto Liberta lançou a Campanha “Saber dói, mas Liberta”. Quais as observações a este tema a partir da campanha?

O Instituto Liberta realiza campanhas desde 2017 e nós já sentimos uma mudança muito grande da sociedade em geral, da aceitação deste tema, o que é muito importante para nós. Há oito anos, quando nós começamos a falar de violência sexual infantil, ninguém queria falar desse assunto e as justificativas eram: é um assunto horroroso, porque as pessoas acham que é um caso de polícia pontual, não entendem que isso é culturalmente um problema no país. Tivemos muitas dificuldades no início para conseguir fazer as nossas campanhas, colocar nos espaços importantes. Este ano, tivemos espaço em um dos programas de maior audiência do domingo da TV Brasileira, o programa do Luciano Huck. Fátima Bernardes e Denise Fraga trabalharam gratuitamente para as nossas campanhas. Tivemos a oportunidade de conversar com as duas, e elas entenderam que isso é um problema muito grande no país e que faz parte todo mundo ajudar nesta solução. É difícil mensurar, é difícil o trabalho, mas percebemos que a sociedade brasileira está mais consciente, mais aberta para tratar desse tema, o que é o primeiro passo para vencermos esses desafios.

Atualmente, são vários os cenários que contribuem para o aliciamento do Tráfico de Pessoas. Entre os fatores estão as guerras e a crise climática. Como nós, enquanto sociedade civil que atua neste tema, podemos ajudar a combater essa violência contra os corpos de mulheres, meninas e meninos?

Essas violências estão todas conectadas. Quando você fala de estupro intrafamiliar, de exploração sexual, do tráfico de pessoas, de casamento infantil, da gravidez na adolescência, todas essas questões estão conectadas. É importante falarmos do tráfico de fronteira. O tráfico de pessoas pode se dar dentro do país. Você vê muitas crianças da região norte nordeste traficadas, por exemplo, para São Paulo, para ficarem em situação de exploração sexual. Isso também é tráfico de pessoas, o tráfico de pessoas não se caracteriza só pela saída da criança do país, mas existe um tráfico interno que é muito grande.

A questão climática é uma coisa que interfere diretamente no direito das meninas. Como a gente faz para sair desse lugar horrível que estamos?

Primeiro, com muita consciência, informação, solidariedade e empatia. Muitas pessoas em nossa sociedade ainda olham uma menina em situação de exploração sexual e dizem “ah, essa menina está aí porque ela quer, problema dela, porque ela escolheu isso”. Não! Ninguém escolheu estar em uma situação de exploração sexual, ainda que pense que escolheu, porque isso também é um fato. Ninguém escolhe estar nessa situação. Elas estão nessa realidade em razão da falta de oportunidade, de opção, de conhecimento, suporte e de proteção. A sociedade, primeiramente, precisa saber que essa violência existe e deve entendê-la. Um terço da população brasileira foi vítima de alguma violência sexual na infância. Estamos falando de mais de 68 milhões de pessoas. Não é um caso isolado. É uma questão cultural. Isso precisa ser visibilizado. Combater é responsabilidade da sociedade: de cada um de nós, individualmente, e de nós, como coletivo. Temos a obrigação de proteger esses meninos e essas meninas. O Liberta tem um bordão que é: a hora de agir é agora.

Fonte: IHU – Unisinos

Juíza que mandou prender Gustavo Lima foi condenada a pagar dívida ao Bradesco e é processada pelo BB

A juíza Andrea Calado, que determinou a prisão do cantor Gustavo Lima, e teve sua decisão derrubada pelo desembargador Eduardo Guilliod Maranhão, do Tribunal de Justiça de Pernambuco, foi condenada em 2023 a pagar uma dívida altíssima ao Banco Bradesco. A magistrada fechou contrato com a instituição financeira em junho de 2020 no valor de R$ 115.281,56, com parcelas de R$ 4.123,08. Porém, 9 meses após a assinatura do contrato, em março de 2021, deixou de honrar as parcelas. Ao banco não restou outra alternativa senão ingressar com a ação de cobrança.

No dia 27 de abril de 2023, a 5ª Vara Cível da Capital julgou procedente o pedido do banco e condenou Andrea a pagar o valor cobrado e mais R$ 2 mil em honorários advocatícios, além das custas.

Segundo o Bradesco, a inadimplência estava em R$ 179,7 mil à época da apresentação da ação de cobrança na Justiça. O processo correu à revelia, ou seja, Andrea não apresentou defesa. O fato levou à presunção da veracidade das alegações do banco, segundo a sentença judicial.

Em 15 de julho de 2024, a 5ª Vara Cível expediu um despacho no qual determina a intimação da juíza Andrea para que quite o débito com o Bradesco em 15 dias, sob pena de incidência de multa de 10% e honorários de advogado em igual percentual. À esta altura, a dívida estaria em R$ 230,2 mil.

Andrea é alvo de um outro processo no TJPE (execução de título extrajudicial nº 0056212-67.2024.8.17.2001), envolvendo banco. Nesse caso, o Banco do Brasil apresentou ação referente a dívida de um empréstimo de R$ 938 mil.

Fonte: Metrópoles

 

Política de drogas no Brasil não tem resultados efetivos, diz ministro do STJ

Há falta de resultados efetivos da política de drogas no país, adotada a partir de uma perspectiva de proibicionismo. A avaliação é do ministro do Superior Tribunal de Justiça, Sebastião Reis Jr, que propôs a reflexão durante evento organizado pela plataforma JUSTA.

“As consequências são aumento da violência, expansão do crime organizado, violações sistemáticas dos direitos humanos, estigmatização dos dependentes, elevação do encarceramento no país atingindo principalmente usuários e pequenos traficantes e alta crescente dos processos judiciais”, disse o ministro.

A fala ocorreu durante o seminário “Repensando a Guerra às Drogas”, do JUSTA, organização que atua no campo da economia política da Justiça, em parceria com o coletivo Repensando a Guerra às Drogas, o Grupo Direito e Políticas Públicas, a Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo e Humanitas 360. O encontro acontece na Faculdade de Direito da USP e tem transmissão ao vivo. Durante as mesas de discussão, promotores, defensores públicos, acadêmicos e especialistas concluíram que uma nova política de drogas deve combater o proibicionismo e punitivismo pregados até hoje no Brasil e garantir, de maneira integrada, o respeito aos direitos humanos.

O ministro do STJ citou o anteprojeto de lei nº 4.565/2019, que propõe a atualização da Lei de Drogas.

“Ele prevê criar critérios objetivos, fazer distinção na prática mais clara entre usuário e traficante, penalizar sim o grande traficante e criar uma política pública no sentido de paulatinamente tentar enfrentar essa questão das drogas.”

Em contrapartida, Reis Jr. criticou a PEC 45, que criminaliza porte e posse de drogas. “Essa PEC seria um contrassenso e uma maneira de incrementar a política desastrosa que estamos adotando nos últimos anos.”

O ministro destacou, no entanto, que não há espaço no Congresso Nacional para uma revisão qualificada da política de drogas brasileira. “O Congresso Nacional precisa assumir papel de protagonismo para formulação de uma nova legislação que estabeleça critérios claros e proporcione uma reposta mais humanitária e eficaz ao fenômeno das drogas.”

O diretor do JUSTA Cristiano Maronna, advogado criminalista, destacou a recente decisão do Supremo Tribunal Federal, de descriminalizar o porte de drogas para consumo próprio, como pano de fundo da discussão da atualização da atual política brasileira de drogas. Maronna concedeu entrevista recente à revista eletrônica Consultor Jurídico sobre o tema.

“A decisão do STF tem que ser compreendida não como um ponto final, mas como um ponto inicial. A partir dessa compreensão, precisamos discutir uma outra política de drogas, que não seja focada na repressão penal, mas sim na saúde do indivíduo, na saúde da sociedade e no respeito aos direitos humanos”, disse o advogado.

Nesse aspecto, o professor da USP, Diogo Coutinho complementou ser fundamental a questão das drogas ser enfrentada a partir de política pública integrada e por questões sociais que vão muito além do Direito Penal.

Já a promotora de Justiça e membro do coletivo Repensando a Guerra às Drogas, Cristina Labarrère, afirmou que o padrão de utilizado para lidar com questões relacionadas a drogas é falho e precisa ser revisto com urgência, a partir das instituições que operam o Direito.

A cofundadora e presidente do Humanitas360, Patrícia Villela Marino, destacou a necessidade de rever a política de drogas, que hoje promove super encarceramento no país.

No âmbito do debate sobre tráfico de drogas e as câmeras corporais da Polícia Militar, a defensora pública de São Paulo, Fernanda Balera, destacou a importância desse mecanismo para a garantia de direitos, promovendo a transparência da atividade policial, qualificação das provas e controle da força.

Com informações da assessoria de comunicação da plataforma JUSTA.