Igreja Católica pede perdão as vítimas de pedofilia em Portugal sem medidas concretas de reparação

A Igreja Católica em Portugal formalizou nesta sexta (3) um pedido de desculpas pelos 4.815 casos relatados de abuso sexual contra menores de idade por membros da instituição desde 1950. Mas as medidas anunciadas após as revelações geraram frustração. José Ornelas, chefe da Conferência Episcopal Portuguesa, afirmou que a igreja tomará ações concretas para coibir abusos e que as vítimas serão homenageadas em breve, na Jornada Mundial da Juventude.

Ele também disse, porém, que ao menos por ora não estão previstas indenizações às vítimas, tampouco o afastamento dos padres acusados.

“Temos de entender esses casos e estabelecer a verdade sobre os fatos”, afirmou Ornelas. “Apenas uma lista de nomes [de acusados] torna tudo muito difícil. Não posso remover alguém simplesmente porque uma pessoa disse ‘esse homem abusou de alguém’.”

Ele detalhou que os nomes dos padres acusados foram enviados a suas dioceses, mas que eles só seriam afastados de seus postos após uma ampla investigação judicial caso a caso. Ornelas, ele próprio acusado de acobertar casos de abuso sexual em um orfanato de Moçambique, ex-colônia lusófona -algo que nega-, disse que a igreja apoiará as vítimas com assistência psicológica, mas que indenizações só serão fornecidas se assim decidir a Justiça.

Porta-voz da Conferência Episcopal, Manuel Barbosa disse que haverá tolerância zero com abusadores e com aqueles que acobertarem casos de abuso. “Reafirmamos nossa intenção de fazer tudo que for possível para assegurar que abusos do tipo nunca mais aconteçam”, afirmou.

Em fevereiro, uma comissão independente anunciou que, após extensa pesquisa, concluiu que quase 5.000 menores foram abusados no espaço da igreja. Na ocasião, investigadores afirmaram que o número, subnotificado, era apenas a “ponta do iceberg” de algo maior. Os casos, que tiveram um pico entre 1960 e 1990, aconteceram em contextos como seminários, sacristias, colégios internos, confessionários, grupos de escoteiros e casas de acolhimento ligadas à igreja. Cerca de 96% dos abusadores são do sexo masculino, e 77%, padres.

FOLHAPRESS

 

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