O governo Lula é uma diversão

Funciona como aquele programa dos anos 1960, Esta Noite se Improvisa. Mas a culpa é do companheiro involuntário do BC, que fique claro

A falta de governo em Brasília é uma diversão.

Com um arcabouço fiscal menos gastador, mas ainda assim gastador, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, quer deixar de ser poste de Lula. Como Lula não quer que Fernando Haddad deixe de ser seu poste e pretende gastar ainda mais do que Fernando Haddad propõe gastar, ele cozinha o ministro da Fazenda em fogo baixo, porque partir para a fritura neste momento não é conveniente. Resta a Fernando Haddad reclamar por meio de notinhas plantadas nos jornais, até que se resigne a ser o bom e velho poste de Lula.

Cheia das boas intenções da esquerda aeronáutica, aquela que adora pular de paraquedas em terreno pantanoso, o ministro de Portos e Aeroportos, Márcio França, anunciou o programa “Voa, Brasil”, para vender passagens aéreas a 200 reais para aposentados, funcionários públicos e estudantes do Fies. Faltou combinar com as companhias aéreas e com o presidente da República.

Lula ficou bravo com Márcio França e, na reunião ministerial do último dia 14, passou um pito: “Qualquer genialidade que alguém possa ter, é importante que, antes de anunciar, faça uma reunião com a Casa Civil. Para que a Casa Civil discuta com a presidência da República e que a gente possa chamar o autor da genialidade e a gente então anuncie como se fosse uma coisa do governo”. Depois da bronca, Márcio França correu para afirmar que companhias já haviam topado a ideia, mas não é bem assim. Elas se limitaram a dizer que estudavam o assunto.

Dois dias depois de Lula tentar conter as genialidades do seu entourage, soube-se que o Conselho Nacional da Previdência Social, presidido pelo inefável ministro Carlos Lupi, aquele que negou o déficit da Previdência, cometeu o prodígio de estabelecer um teto de juros de 1,70% ao mês para o crédito consignado dos aposentados do INSS. Ou seja, baixou os juros com um golpe de tacape.

A resposta dos bancos foi imediata: suspenderam a concessão de novos créditos e o refinanciamento para o consignado do INSS, deixando um monte de gente na mão. Os bancos, que alegam que essa taxa não cobre os seus custos, agora esperam o que a Casa Civil e o Ministério da Fazenda farão a respeito da decisão heroico-sindicalista de Carlos Lupi e do seu pessoal.

Enquanto isso, o presidente da Câmara, Arthur Lira, vai crescendo de tamanho no vácuo governamental e Lula diminui, apesar de todas as suas bravatas de palanque. Ele diminui juntamente com as projeções de crescimento para o país em 2023 e 2024. De acordo com aquele clube de países prósperos que o PT desdenha, a OCDE, o Brasil deve crescer apenas 1% este ano e 1,1% no ano que vem, ao passo que o crescimento mundial deve ser de 2,6% em 2024.

O governo Lula é como aquele programa dos anos 1960, Esta Noite se Improvisa, apresentado por Blota Jr. É muita gente tentando salvar a humanidade ao mesmo tempo. Mas a culpa toda é do companheiro involuntário do Banco Central, Roberto Campos Neto, que fique claro.

Coluna do Mario Sabino – Metrópoles

 

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