
Há algum tempo venho fazendo comentários sobre a falência da saúde pública m São Luís e no Maranhão, decretada logo após a realização do segundo turno das eleições. De lá para cá, o que temos visto são demissões de médicos e enfermeiros e fechamento de hospitais e postos de saúde em todo Maranhão. A saúde que já era precária passou a ser a da doença, do abandono, da miséria, da exclusão e da morte, que ganhou uma ampla dimensão em todo o Estado.
Dentro desse contexto o mais revoltante e repugnante é a indiferença das autoridades, como se toda a problemática não fossem das suas responsabilidades. De há muito vem morrendo quase diariamente pessoas nos corredores dos Socorrões, não por falta de atendimento médico, mas por falta de internação digna e medicamentos. O problema tomou proporções bem graves, depois que o governador Flavio Dino decidiu desmontar a saúde no interior do Estado, deixando a população de dezenas de municípios à própria sorte.
Diante fatos graves e públicos de banalização da vida e a decretação da saúde da morte, infelizmente as instituições responsáveis pela fiscalização e garantia dos princípios emanados aos direitos constitucionais à vida, se tornaram invisíveis e não enxergam os pobres e oprimidos que passam madrugadas em filas em busca de uma consulta, dos que dormem em macas e papelões nos corredores dos Socorrões, e que a maioria morre por falta de medicamentos, leitos e fome. São situações bem crescentes e pode-se observar um numero maior de ambulâncias vindas do interior do Estado, em que os pacientes ficam no interior do veiculo, esperando uma oportunidade para ter acesso aos corredores das duas unidades que deveriam ser saúde, mas que estão mais para a morte.
O desespero de uma filha para salvar a vida do pai
O caso desesperador de Franciane Espíndola, que retirou o pai João Espíndola de uma enfermaria da Santa Casa, nome que há muito já deveria lhes ser retirado, vendo o genitor com uma perna amputada e que deveria estar numa UTI e com a assistência bastante precária e que passou a agonizar, tomou uma decisão pela ausência da assistência médica, retirar o genitor do local e conduzi-lo pelas ruas até o Socorrão 1, em busca de uma UTI. Ela diz que no Socorrão houve mais sensibilidade dos plantonistas, mas infelizmente ele veio a falecer. O gesto dessa mulher, acima de tudo é digno por lutar em defesa da vida de um ser humano, independente de ser o seu pai.
As manifestações públicas frias e até indiferentes quanto a vida do ser humano, um diretor da Santa Casa e o Secretário Municipal de Saúde, tentaram criar justificativas vergonhosas para uma realidade que é cada vez mais cruel, agressiva, vergonhosa e desmoralizadora para os insensatos gestores públicos.
O ano passado, quando a saúde pública era apenas precária e muito diferente de hoje que é da morte, os vereadores Marcial Lima, Cézar Bombeiro e Genival Alves fizeram uma visita às instalações da Santa Casa, e registraram no parlamento municipal uma enorme preocupação, destacando que ela não tinha a mínima condição de funcionamento, mas continua e ao lado do Socorrão 1, vem abreviando a vida de muita gente, o que é sério e muito grave, mas eu pergunto ? A quem recorrer? Se as autoridades demonstram insensibilidade, indiferença e demonstram comungar com a banalização da vida. Sinceramente, muitas vezes chego a me perguntar e duvidar, se esses gestores públicos têm coração e capacidade de amar as suas próprias famílias. Eles precisam ter consciência de que todos nós seres humanos, indiferentes de cor, sexo, formação acadêmica, rico ou pobre, seremos julgados pelo que semeamos junto aos próximos com solidariedade, fraternidade, amor e responsabilidade para com a vida, para tentarmos adentrar ao Reino do Pai.