O documento Conflitos no Campo no Brasil 2013, produzido pela Comissão Pastoral da Terra (CPT), teve seu lançamento em Minas Gerais na última terça-feira (15), em Belo Horizonte. O estudo traz informações sobre as disputas por terra, por direitos trabalhistas, pela água e outros, que acontecem em todo o Brasil. Minas Gerais registrou 64 conflitos e teve 24 mil famílias atingidas.
A reportagem é deRafaellaDotta e publicada por Brasil de Fato
O número de conflitos por água é destaque do ano, sendo o maior já registrado. Em 2012 foram 79 disputas, enquanto em 2013 o número aumentou para 104, com a média de 31 mil famílias brasileiras atingidas. “Isso revela as consequências que hidrelétricas e mineradoras trazem ao país”, afirma a coordenadora nacional da CPT, IsoleteWichinieski.
“Nesses conflitos, vimos famílias que são expulsas pela construção de barragens, ou são atingidas por problemas ambientais, como a contaminação da água e a degradação do solo”, conta a coordenadora. Para Isolete, o resultado também aponta a urgência de preservação das comunidades da Amazônia, onde a expulsão de famílias aumentou 63%.
Quase quatro mil famílias mineiras foram afetadas
Produzido pela Comissão Pastoral da Terra (CPT), o estudo é publicado desde 1985, por uma necessidade de documentar o grave problema da violência contra trabalhadores rurais. Esses cadernos se tornaram a mais ampla pesquisa sobre a questão agrária nacional e auxiliam pesquisadores e movimentos sociais, como afirma a coordenadora nacional da CPT, IsoleteWichinieski.
Para realizar a pesquisa, a CPT utiliza duas formas de captar informação. A primeira, feita através das regionais da entidade e de outros movimentos, fornece números dos conflitos. A segunda, feita em jornais, boletins governamentais e oficiais, oferece mais características e a confirmação dos primeiros números.
“Apesar do nosso esforço, sabemos que o número documentado é bem menor que a realidade. Essa é só uma amostra do que acontece no Brasil”, alerta Isolete. Os dados são entregues ano a ano para os ministérios federais, que os utilizam como base para políticas de proteção a trabalhadores rurais.
Brejo dos Crioulos foi o campeão nos conflitos
Em Minas Gerais, o maior número de conflitos aconteceu por disputas de terra. Em 2013 foram 35 casos, que afetaram 3.752 famílias. Em segundo lugar, estão os problemas relacionados à água, com oito casos e 1.080 famílias. E, não menos importante, as ocorrências de trabalho escravo, em que 79 pessoas foram libertadas de seis fazendas do estado.
Em entrevista ao Brasil de Fato MG em janeiro deste ano, José Carlos de Oliveira Neto já denunciava o caso que teria mais ocorrências de conflito em 2013: o Brejo dos Crioulos. À época, o quilombola estava em Belo Horizonte recém-saído de uma tentativa de assassinato. Depois deste, foram mais oito conflitos no território de remanescentes de escravos, no Norte de Minas.
Fonte IHUSINOS