O Jornal do Maranhão, publicação da Arquidiocese de São Luís, publicou na sua edição do mês de maio, uma reflexão do padre José Bráulio Sousa Aires, pároco da paróquia de São José do Bomfim. Religioso bastante conhecido e respeitado, com importantes serviços prestados ao Povo de Deus, de centenas de comunidades, principalmente da zona rural, se constituiu também como formador de consciências criticas. Sempre aberto ao diálogo, nunca escondeu, muito pelo contrário procurou sempre abertamente conversar com as mais diversas correntes politicas, desde que interesses coletivos estejam no centro do contexto da pauta.
Diante dos avanços da violência, das drogas, da fome, da miséria e de tantas outras desigualdades sociais que destroem vidas, ele registra: “Hoje temos uma Igreja silenciada, como nunca se viu antes. Refiro-me não exatamente ao clero, mas ao estado de morte, de miséria moral, em que se encontra a comunidade cristã católica. Percebe-se que essas partes das comunidades estão fora da Igreja e também das lutas sociais. Esse silêncio, o encolhimento nos inquieta, diante dos sérios e muitos graves desafios sociais, que deveriam ser as nossas profissões de fé, exatamente no momento em que o Papa Francisco, nos pede que saiamos do nosso próprio quadrado para sermos semeadores de lutas por direitos, dignidade, paz, solidariedade em busca de uma sociedade menos desigual.”
Devemos como cristão católicos ser protagonistas de mudanças com a organização comunitária e com lutas efetivas e responsáveis para o enfrentamento à realidade cada vez mais perversa, que vem destruindo muitas vidas, principalmente jovens, com as drogas e a violência sem precedentes. Onde o poder público é ausente, a criminalidade se instala e impõe regras, valores e padrões definidos por eles, ocasionando principalmente a destruição da família. Os problemas sociais atuais são sérios e a crise que se manifesta é sem precedentes. A Igreja do Povo de Deus precisa sair do templo e ir para as ruas evangelizar, com uma atenção maior para os mais pobres e oprimidos, para que sejam eles protagonistas das suas próprias histórias. Há muita gente por onde andamos que não está precisando de pão, mas de uma expressão de carinho e às vezes apenas uma palavra para tocar-lhe o coração, pela excessiva carência afetiva. Com o amor e compromisso voltados para a construção do Reino de Deus, podemos fazer importantes mudanças, concluiu o padre Bráulio Ayres.